fenomenologia existencial, tudo o que você precisa saber aqui na Psicologia Viva

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fenomenologia existencial, tudo o que você precisa saber aqui na Psicologia Viva

Ambos, ao extinguir a consciência, pretendem eliminar definitivamente todas as formas de dualismo. O ser humano é um ente que se define e se redefine em função das possibilidades nas quais se projeta, a partir das ocupações e preocupações que encontra no mundo. Aqui encontra-se uma condição para a afirmação de Frankl de que o sentido muda de pessoa para pessoa e a cada momento, numa tensão entre ser e vir-a-ser. Então, para que se entenda o fenômeno da frustração existencial é preciso considerar que o ser humano não vive como um corpo (objeto) dentro de um espaço material (natureza).

  • Tal rompimento possibilita mudança e transformação ao abrir a crise que dissolve e leva o "aí "a constituir-se outro.
  • No decorrer da leitura, manteve como questão norteadora da investigação o objetivo do presente estudo em evidenciar o estado do conhecimento sobre o tema da liberdade na perspectiva da psicologia fenomenológico-existencial, assim como identificar outras características relevantes atreladas à produção bibliográfica sobre o tema.
  • A consciência, com as suas diferentes denominações (eu, sujeito e subjetividade, dentre outras), passa, graças a esses pensadores, por sérias revisões e formulações.
  • Constata-se, no trabalho desses dois autores, uma radical mudança ontológica e epistemológica do que predominava nos estudos em Psicologia na época, de uma visão objetificante de sujeito, para uma visão compreensiva do fenômeno psíquico.

Psicologia em Revista

A psicologia integra , de acordo com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), o amplo conhecimento das Ciências Humanas. Com seus primórdios na Grécia Antiga, entre 400 e 500 a.C, a ciência psicológica foi desenvolvida para estudar o comportamento do ser a partir de diferentes linhas de estudos, comportamentos sociais e vivências interativas. Sendo assim, é de entendimento comum que, apesar de não ser um ramo exato, como a matemática ou a física, é uma área composta pelos mais diferentes tipos de análises complexas, particulares e criteriosas. Mesmo a conclusão de James acerca da inexistência da consciência é insuficiente para abarcar o caráter de negatividade do existir demarcado pelas filosofias da existência e do qual emergem a angústia, o desespero e o tédio como marcas dessa própria negatividade e anúncio da abertura às possibilidades.

O que é Psicologia Fenomenológica-Existencial?

Por fim, James, em um texto de 1904, em que trata do empirismo em sua máxima radicalização, reaproxima-se da Filosofia, não mais com preocupações acerca do espaço onde se encontra a verdade, mas compartilhando das discussões, muito presentes em sua época, que questionam a existência da consciência. Maslow (1968) considera que a denominação de terceira-força cabe àquelas perspectivas em Psicologia que têm em comum a divergência e a crítica às duas primeiras forças e às que tomaram as práticas em Psicologia que visam ao total desenvolvimento das potencialidades humanas. A Psicologia fenomenológicoexistencial tem como pretensão marcar uma diferença epistemológica com relação à Psicologia que mantém qualquer ideia de dicotomização, interioridade e fragmentação, podendo, por esse motivo, estar incluída entre as que se já se designaram como terceira força. Quanto à noção de potencialidade humana, essa fica totalmente descartada nas Filosofias da existência, dado o fato de que a existência sempre se encontra na abertura, na ausência de essência ou tendências a priori, enfatizando possibilidades em vez de potencialidades já presentes.

Existential and phenomenological bases in William James

Logo, a crítica de Heidegger (2001a) à técnica moderna tornaria esse modo de procedimento contraditório em si mesmo. Ou seja, se não há neutralidade nessa relação, todavia, ela não é derivada como um atributo de um sujeito emocional, mas sim o modo como, desde sempre, acontece o existir humano a partir do qual é possível pensar em um sujeito e suas emoções.  psicologos volta redonda -se mister, portanto, tentar escapar de toda e qualquer aproximação com as Psicologias modernas, sejam elas científicas, psicodinâmicas ou humanistas. Essas se desenvolveram a partir de pressupostos  intrínsecos à subjetividade, tais como a assunção da verdade como representação e a retenção da dicotomia sujeito-objeto como estrutura originária da realidade.

A existência precede a essência - Sartre

A noção de "existência "só pode ser devidamente compreendida à luz de uma atitude ou modo específico de atenção, que não é aquele em que nos encontramos naturalmente na vida cotidiana, nem mesmo quando empregamos a racionalidade científica para abordar a realidade. A expressão husserliana "atitude natural "denomina nossa tendência de tomar todas as coisas que encontramos no mundo como se já sempre estivessem dadas aí, indiferentes à nossa relação de sentido com elas. A diferença entre o modo de ser do sujeito e o das coisas restringe-se, a partir de uma ontologia cartesiana, em ter ou não uma natureza extensa, mas, para aquém dessa diferença, ambos são ainda simplesmente dados dentro do mundo. Assim, na noção de mundo "não se trata da natureza enquanto realidade objetiva (estudada pela ciência positivista), mas do mundo que se dá na relação, que se mostra como fenômeno primeiro e que pode ser depois elaborado pelo pensamento "(Amatuzzi, 2009, p.95). Como pudemos acompanhar, a perspectiva fenomenológico-existencial em Psicologia se estruturou em meio às temáticas existenciais e ao método fenomenológico. Caracteriza-se, assim, pelo total abandono da noção encapsulada do eu, dado o seu caráter de indeterminação, que faz com que possa assumir diversas possibilidades de ser disponíveis no mundo; por caracterizar a existência como desespero, angústia e liberdade; e pelo sentido fático e lançado em que a existência sempre se encontra. No projeto fenomenológico de Husserl, a atitude fenomenológica frente ao fenômeno consiste em uma atitude antinatural com a qual Husserl nos convida a irmos ao fenômeno tal como ele se mostra à consciência, portanto, não empiricamente. E ainda ressaltamos a questão da intencionalidade como espaço de realização das vivências, que a noção de experiência em James não contempla. Em James, o funcionalismo diz respeito ao pressuposto de que a experiência serve a uma função que é adaptativa, logo, tem bases em uma causalidade teleológica. Husserl, ao considerar a cooriginalidade consciência e objeto, suprime qualquer intervalo espaçotemporal e, em consequência, a relação de causalidade. Não se apreende a fenomenalidade das ciências humanas pela interpretação própria às ciências naturais; ela exige outra possibilidade de interpretação alcançável por meio do rigor descritivo interpretativo - deixar ver e fazer ver - via fenomenologia, o que implica descrições compartilháveis sobre os fenômenos que permeiam as situações singulares. Nessa direção, a descrição fenomenológica dos fenômenos clínicos não se pode pretender universalizante, com generalizações de comportamentos singulares, pois a singularidade da existência é incontornável. Esperou-se, assim, que as informações da presente pesquisa possibilitem outras produções bibliográficas acerca do tema e contribuam para a consolidação teórica no campo da psicologia fenomenológico-existencial. Na segunda unidade de análise, liberdade para quê, todos os artigos apresentaram a temática da liberdade aliada ao sentido de ser livre para escolher, enquanto possibilidades diante das limitações, ao invés do sentido do senso comum de ser livre de algo, como livre de imposições ou limitações. Contudo, outra diferença de enfoque foi identificada quando os autores versaram sobre as escolhas. Verificou-se que 48,5% dos artigos enfatizaram a liberdade no caráter pré-reflexivo e espontâneo das escolhas, enquanto que 38% apresentaram as escolhas como livres apenas  quando tomadas conscientemente, ou seja, num nível reflexivo. Neste ponto, foi identificada uma contradição, pois se esperava que apenas os autores que consideraram a liberdade como característica de uma parte do ser, na unidade liberdade a que/a quem, apresentassem a ideia de escolhas livres como um artifício da consciência ou, ainda, da vontade.

Fenomenologia Existencial

Partindo da analítica existencial do filósofo Martin Heidegger, o artigo propõe que o conhecimento é um correlato ontológico do modo de ser humano e que a tradição científica comete um erro ontológico quando, por meio de uma suposta assepsia metodológica, separa o conhecedor do conhecido. Sendo assim, argumenta-se que qualquer empreendimento científico está vinculado às características do ser humano, que qualquer que seja o foco de uma investigação científica, este já estará sempre submetido às possibilidades perspectivas humanas. Propõe-se também que a psicologia não necessita adotar o modelo naturalista tradicional, a fim de adquirir credibilidade científica. No mundo atual, as vivências de sofrimento existencial, endereçadas à clínica psicoterápica, cada vez mais estão relacionadas ao nivelamento histórico dos sentidos ao que se enquadra no projeto global de controle, exploração e consumo. Acreditamos que essa coincidência de acontecimentos foi um solo propício para a crença de que ambas tratavam das mesmas questões e de que as suas denominações eram sinônimas, levando Rollo May a criar um nome composto que englobava tanto os fundamentos humanistas quanto os existenciais. Ou também se pode pensar que seriam uma tentativa de constituir outra Psicologia, na tentativa de desvencilhar-se dos cânones até então predominantes, o que, certamente, deve ter ocasionado muitas dificuldades. Posteriormente, lecionando na Universidade de Göttingen (Alemanha), passou a desenvolver ainda mais as linhas gerais da fenomenologia, lançando dois livros seguidos sobre o assunto e suas descobertas, além de comparecer em inúmeras palestras para elucidar o que hoje conhecemos como Fenomenologia - Existencial. "Heidegger, na busca do ponto de partida do conhecimento, estabelece como elemento inicial, o ser-em do ser-no-mundo que é o modo como o Dasein desde sempre se dá" (Stein, 2000, p. 110). A seguir, Aristóteles determina que o intelecto é o responsável pelo conhecimento (conceitos) e, por fim, Descartes recoloca o intelecto como Cogito, "um ponto de segurança para o pensar" (Critelli, 1996, p. 13). O pensamento existencial é uma  doutrina filosófica sobre o homem, caracterizada pela preocupação de compreender e explicar a existência humana. Essa definição resume uma das principais contribuições do pensamento existencial, que foi a ênfase na responsabilidade do homem sobre suas escolhas, destino, seu livre-arbítrio. No pensamento existencial, o homem é visto como um ser único, com desejos, com vontades e escolhas (liberdade). A filosofia existencialista coloca o homem como protagonista da própria vida,  assumindo suas escolhas e, por conseguinte, sendo responsável por suas consequências. É importante destacar que o próprio Sartre, em um momento mais maduro da sua obra, reconheceu que as suas ideias eram pensadas para a sociedade europeia, e em contato com pensadores de outras realidades, compreendeu que a liberdade individual pode ser afetada por determinantes externos como violência, fome, pobreza e dominação colonial. Muito se tem confundido, nos meios leigos e acadêmicos, a Psicologia humanista com a Psicologia fenomenológico-existencial.